Verdades e Mitos

A raça American Staffordshire Terrier é apaixonante. Mas certas dúvidades criam mitos e outras criam verdades. Envie sua dúvida que o criador esclarecerá.

Passado e presente da raça. Uma visão pessoal.
04 de Setembro de 2012

Realidade passada e atual da raça!

 

Quando há 20 anos atrás meus olhos despertaram para o AST eu criava Rottweiler. Admirava e gostava dos meus cães mas não era um apaixonado. Nada contra o maravilhoso cão alemão mas a paixão pelos atributos do AST me envolveram e fizeram eu gradativamente me desfazer de todo o plantel de Rottweiler. Os atributos da raça que me cativaram foram coragem e força num corpo compacto e musculoso. Essa idéia de um cão associado ao Pitbull (pois na verdade seria o mesmo cão só que aperfeiçoado através de cruzamentos que envolviam uma ênfase em beleza e qualidades para serem aceitos pela FCI, o que naturalmente o permitiria participar de exposições de beleza o que exigiria boa apresentação ou show)me excitava. Eu me identifico com cães de temperamento forte e corajosos. Por outro lado abomino o uso para rinhas e nunca sequer assisti a uma. Mas sei tudo a respeito e nunca apostaria um centavo numa luta entre animais. Meu avô e meu tio gostavam de rinhas de galo. Eu os criticava.

Bem, a prova de que o AST é um Pitbull modificado é que por volta de 1936-1950, período inicial dos registros da raça nos USA e reconhecida pelo AKC, encontrávamos o APB e o AST com duplo registro nos USA. O mesmo animal era um Pit Bull pela UKC (United Kennel Club que aceitava os pitbulls) e um AST pelo AKC.

Bem, a morfologia nesses quase cem anos de cruzamentos vem transformando a raça e mais proximamente percebo, nos fóruns sociais certos enaltecimentos e aplausos para certas linhas de sangue que tem se mostrado vencedoras em exposições de beleza. Eu li meio que por acaso pois, sinceramente, sou desligado de Orkut (que me afastei e deletei meu nome quando tinha 1000 amigos) e agora no facebook estou mas não estou. Não sei até que ponto vale a pena eu continuar se fico distante mas eventualmente mando algo. Minha ênfase é o meu território pessoal que é o meu site. Não consigo fazer tudo ao mesmo tempo. Preciso me aperfeiçoar em algo para fazer bem feito e o que me interessa de verdade e que amo é o meu site. Atualizo bastante mas tenho muito ainda por fazer.

Bem, voltando ao que escrevia.  Certos americans importados que estão em moda apresentam um alcance das pernas que propiciam uma linda movimentação nas pistas. Uma homogeneidade de forma e desenho que parecem pintados no photoshop. Vou afirmar agora e, para aqueles que não me conhecem o suficiente,  juro que é verdade:  se há 20 anos atrás, o AST que eu visse fosse esse moderno, todo certinho mas sem a rusticidade e os atributos que me chamaram a atenção,  eu nunca me interessaria por criar a raça. 

Se meu foco fosse esse creio que teria optado por um Chow Chow. Talvez um Highlander White Terrier ou mesmo um Pug ou ainda um Bulldog Ingles pois são umas gracinhas.

As características físicas de um AST, pela sua atávica relação com os cães de disposição de combate exige que tenham capacidade para isso. Mesmo que nosso desejo não seja utiliza-los para essa finalidade, o que é salutar. Uma pessoa ao olhar para nosso pátio deve sentir medo. Os americans que estão cada vez mais vencendo nas exposições e encantando os juízes (que algumas vezes adoram o Bichon frizé) não são os mesmos que eu me apaixonei. Percebo que estamos, no que se refere à raça, numa fase intermediária e lamacenta. Num limbo escorregadio em que a raça está se consolidando para pior. Mais “bela” mas inútil.

Uma pessoa levou dois americans de minha criação em pista recentemente e se deu bem. Mas até quando? Um amigo me disse: tens que levar os teus americans em pista senão os juízes pensarão que aqueles outros é que estão corretos. Puxa, eu não posso entrar nessa neurose. Sou o criador que mais títulos conquistou com americans no Brasil (caso contrário não teria vencido o Ranking 6 vezes, a última em 2010). Depois não mais disputei. Tenho a sensação que se disputar de novo vencerei pois ainda encontramos juízes conscientes. Não posso entrar nessa loucura de sempre ter que provar algo e contribuir com o enriquecimento das entidades cinófilas. Aliás é uma só a oficial. Se houvessem outras existiria concorrência e o consumidor ganharia com isso. Mas isso não é o foco da minha polêmica atual.

Nesse momento sei de pessoas pensando em levar em pista americans New Kraftfeld pois sempre existe alguém picado pelo mosquito das exposições. Mas esclareço que existem duas formas de ver o AST. Pelos olhos de quem realmente gosta da raça e de quem deseja uma maquininha bonita que vença exposições e agrade os juízes para obterem lindas tacinhas para embelezarem suas prateleiras reluzentes.

No início os americans não ganhavam nada. Vencer um grupo era um milagre. Os juízes não se interessavam pela raça. Hoje a realidade é outra pois o american foi se capacitando para o show, o espetáculo. Ser o melhor, o mais forte e corajoso não tem mais importância e sim o desfile.

Eu desafio a quem quiser fazer o teste. Coloquem uma dessas belezinhas perfeitas de formas harmônicas e destituídas de musculatura expressiva acompanhadas de comportamento doce em frente ao Tottenhan, ao Dark, ao Marschall ou a qualquer macho do meu canil e observem o que acontece. Caso as guias se soltem ficará só o rabo do outro balançando.

Isso significa que desejo feras? Não! O temperamento cálido é uma exigência para um AST de verdade e a força num corpo que parece pequeno para conter tamanha massa é um objetivo que o criador deve ter e não o contrário. Essa fixação por detalhes irrelevantes do padrão como uma despigmentação aqui ou acolá, um dorso levemente alto (que nos pitbulls era interessante por dar maior força na hora de vencer a presa) em detrimento de virtudes muito mais importantes tem levado a um descaminho.

Eu, de minha parte não entrarei nesse comboio. Quando for disputar algum ranking levarei o meu batalhão de choque e não uma gracinha para vencer pistas. Espero que essa tendência superficial dos ambientes cinófilos não destrua a imagem verdadeira da raça sob pena das gerações futuras se desinteressarem por ela que nem ocorreu com o boxer alemão que foi transformado para pior pelos americanos.

Que bom que a maior parte dos que me procuram não pedem cães unicamente para pista. Pois aquele que deseja apenas  para exposição, em sua maioria já está contaminado por conceitos errados. As idéias da moda. Essa gravata deve ser azul com listas brancas caso contrário não combina com o cinto. Eu posso oferecer um american para vencer. Fiz isso tantas vezes. Um macho que saiu daqui e foi para a Argentina conquistou o Mundial Macho. Mas isso não vem ao caso. Minha intenção não é enaltecimento pessoal e sim conscientização.

Quando olhamos para nossos filhos pensamos o que queremos para eles. Eu me sinto meio papai dos americans brasileiros pois crio antes de quase todos. Por isso me exalto com essas tendências. Acho ridículos esses diálogos vazios dos que freqüentam os sites de relacionamento sociais. Se aproveitassem os seus tempos para lerem ou para serem sinceros uns para com os outros ganhariam mais. Essa competição é vazia e sem nenhuma importância. Tudo passa e isso é pura vaidade.

De minha parte continuarei com os meus princípios protegidos pelo Campo de Força!


Qual cor nascerá?
12 de Maio de 2012

 Amigo, tenho uma American, cujos pais são oriundos 
 do seu canil. Ela já está com 1 ano e 1 mês, e gostaria muito de, no 
 terceiro cio, colocar ela pra cruzar para criar um filhotinho dela. 
 Pois bem, tem um American aqui no meu bairro, muito bonito e com 
 pedigree, só que a cor dele é preta com o peito branco. Gostaria de 
 saber se quando ele cruzar com a minha cadela, que é caramelo com a 
 cabeça e o peito branco, exatamente como o Hendrix do seu canil, se 
 vai nascer predominantemente filhotes de cor preta e branco como o 
 pai. Se puder tirar minha dúvida eu agradeço, obrigado!
 Att.,
 Rafael Motta Carone

 

Olá Rafael!
 
A tendência é vires a ter filhotes de ambas as cores e sem a 
predominância da cor preta, embora isso possa vir a ocorrer em 
determinada ninhada. Conforme a cor dos pais isso influenciará também 
as cores que virão porque não sabemos também se esse macho preto é 
homozigoto ou heterozigoto. Lembra de lei de Mendel? Poderemos ter as possibilidades Aa, AA e aa!

 

Bos sorte!!

 

Nelson Filippini Almeida

New Kraftfeld


O AST precisa de um dono experiente?
03 de Maio de 2012

Li em um site que os Staffordshire são cães muito dominantes e assim precisam de um dono muito experiente,você como é um criador experiente queria que você desse sua opinião sobre isso!!??!!??

   Obrigado. Bruno Carreira

 

 

 

 

RESPOSTA DO CRIADOR:

 

Olá Bruno!

Não diferem de outros cães que apresentam um temperamento forte. Se não damos limites uma criança toma conta da casa. O mesmo vale para os cães. Existem diferenças de comportamento entre os americans e essas caracteristicas são transmitidas geneticamente. Numa seleção bem feita podemos fixar bons temperamentos ou ao contrário comportamentos indesejáveis. De um modo geral os americans são corajosos e enfrentam o inimigo representado por cães que os enfrentam. Mas para quem não os enfrenta se mostram normalmente dóceis. As variantes ocorrem geralmente em decorrência de cruzamentos não selecionados, mal conduzidos em que não são analisadas as tendências mentais dos cães. Se cruzamos um macho agitado com uma fêmea agitada é difícil nascerem filhotes calmos. Um macho muito agressivo com uma fêmea muito agressiva normalmente gera e fixa essa característica. Essa maneira de criar gera cães inadequados para um bom convívio familiar e se tornam de controle mais difícil. Eu sempre tive um controle sobre todos os meus cães e quando percebo que algum cão de minha criação exige um comportamento mais cuidadoso eu me imponho para mostrar que sou líder. No meu plantel o único cão que eu tenho que tomar um certo cuidado no manejo é o Beatle. Ele é muito alfa e territorial e numa situação crítica ele avisa que não gosta de algo e nesse momento é preciso ser forte na relação. Ele possui em sua genética metade de sangue de minha criação bem conhecida e metade de uma genética que não é de meu domínio. Sendo assim é preciso observar as reações e ter cuidados. Já o restante do meu plantel  eu faço de tudo e nada acontece pois são totalmente submissos a mim embora tenham personalidades fortes. Alguns mais meigos e passivos e outros mais efusivos e marcantes. Mas todos confiáveis. Até o Beatle dá para dizer que é confiável pois meus filhos quando chegam em casa e o encontram solto abraçam o seu percoço e ele os respeita, nunca rosnou ou os ameaçou. Mas quando vislumbra um estranho fica muito transtornado e acredito que o estranho não teria sucesso com ele. Geralmente meus americans são ótimos guardas mas sempre dóceis com os familiares. Venho fixando essa tendência há quase vinte anos.
Numa relação humana alguns preferem pessoas fracas e submissas para imporem as suas personalidades. Outros gostam de se relacionarem com pessoas fortes e as conquistam respeitando as suas características. Eu prefiro as pessoas de personalidade. Minha mulher tem uma personalidade forte e independência na forma de pensar. Estou há vinte anos conquistando o seu amor. Por isso me agradam os americans que venho convivendo durante várias gerações de cruzamentos. Eles são fortes e de temperamento respeitável mas fiéis e confiáveis. Me respeitam mas eu os respeito. Preciso amá-los e conquistar o seu amor. O amor é um sentimento que exige cuidado, respeito e afeto mas que demanda conhecimento da outra natureza.
Isso vale para todos nós na sociedade e muito mais na relação com os animais que não podem falar e expressam os sentimentos na ânsia de serem entendidos.


Olhos azuis no AST
27 de Abril de 2012

Gostaria de uma informação. Porque dizem que o AST com os olhos azuis seria uma falta grave? É uma anomalia?

Paulo Malacarne.

 

 

Olá Paulo!

No padrão da raça são colocadas as faltas leves e graves na hora do cão ser julgado numa exposição. O AST deve ter os olhos castanhos. Nos americans azuis é comum os olhos serem mais claros e nos primeiros meses são até azuis. Na idade adulta vão progressivamente escurecendo. Alguns permanecem claros. Se o teu objetivo é um padrão de beleza pessoal nada existe de falta pois podes gostar da cor que desejares e o fato dos olhos serem azuis em nada interfere na saude do animal. O ser humano coloca padrões em todas as raças. Alguns padrões são lógicos e outros ilógicos. Se o teu objetivo é agradar a ti, familiares ou amigos a cor dos olhos pouco importa. Se queres um padreador ou matriz para cruzamentos visando ser um criador sério com perspectivas de visares exposições seria salutar se escolhestes cães dentro do padrão caso contrário sofrerás consequencias na hora dos julgamentos em exposições. Alguns juízes, sabendo que os azuis e blue fawns apresentam tendências de terem olhos mais claros não usam de tanto rigor ao julgarem. Eu penso que o azul não seja uma cor ideal para quem deseja competir em exposições por essa razão pois dificilmente terás olhos castanhos escuros nessa cor e muitos juízes ao levarem ao pé da letra o padrão poderão complicar nesse quesito e escolherem um outro cão num concurso. Por outro lado muitos azuis obtiveram premiação. Mas se fores observar bem, os maiores títulos foram obtidos por outras cores por ser mais fácil, nas mesmas, obter um AST com os olhos castanhos escuros. Eu, particularmente, procuro dosar e equilibrar essa realidade de tal modo a agradar os juizes sem esquecer dos meus gostos e do que julgo importante na raça. Mas isso só nos cães que almejo conquistas em exposições o que não me parece o mais importante para quem ama a raça. A criação New Kraftfeld é a que mais conquistou títulos da raça no Brasil e sem fazer o marketing que tantos fazem desejando apenas vencer em pistas e se esquecendo do que verdadeiramente gostam. Tenho no plantel possibilidades de cães típicos para disputar títulos. Mas geralmente o cão que a maioria das pessoas gosta não agrada os juizes pois os parametros para exposição são as virtudes no show, no desfile, na apresentação e harmonia de relação com o handler. Um cão que se apresenta bem e com um handler famoso ganha mais do que um cão maravilhoso que desfila sem entusiasmo ou apresentado por um handler desconhecido ou inexperiente. O tempo muda os gostos das pessoas e dos juizes. O padrão pode sofrer alterações no futuro. Mas a tua satisfação pessoal é eterna se souberes bem o que queres e não te influenciares pelas marés alheias.


Uma visão mais evoluida sobre a relação com os cães.
20 de Março de 2012

Eu estava lendo uma reportagem sobre autocontrole e fiz uma analogia com os nossos cães. Eles tem a natureza instintiva como motor de suas ações. O sistema desejo-ação-recompensa/punição é o clima mais importante de suas vidas. Meditar sobre as consequências de seus atos não é uma faculdade que os cães possuem. Veja como a sociedade exige tanto dos cães e determinadas raças. Os cães não tem condições de entenderem a razão de serem presos em correntes e sofrerem tanto nas mãos de pessoas sem condições de possuirem os mesmos. No passado atávico os cães foram sendo forjados numa convivência progressiva, pacífica e posteriormente funcional do lobo com o homem. Cruzamentos paulatinamente selecionados tendo o longo tempo como testemunha foram criando o cão mas sua origem primordial foi o lobo que é selvagem.

Se nós tratamos o cão com maldade, com selvageria, com privação de uma mínima liberdade ou propiciando qualquer tipo de sofrimento as consequências são imprevisíveis. Nem todas as pessoas tem condições de terem um cão. Eu até entendo que a maioria das pessoas não está preparadas para ter qualquer animal. O ser humano tem dificuldade de lidar consigo mesmo e com o seu semelhante o que se deprende que conviver com um animal destituido de recursos de comunicação seja mais complexo. Na verdade não é visto dessa maneira pois o cão nós podemos fechar num canil, amarrar numa corrente, prende-lo ou soltá-lo, alimentar com comida ou ração e assim por diante é bem mais fácil do que tratar uma criança. Para uma criança ou um adulto nós temos que nos cuidar para cada atitude. Nossas responsabilidades sociais são imensas e seremos punidos pelas leis se formos movidos pelo descaso ou agirmos contra as leis da convivência. Já o animal nos dá a sensação de que podemos fazer o que bem entendermos que ele entenderá, ou melhor, suportará calado ou nem entenderá por ser apenas um bicho, um ser sem inteligência como a nossa. É assim que a maioria das pessoas entende a relação com os animais. Por essa razão que tantos prendem um cão numa corrente que o neurotiza. E essa atitude não ocorre somente com a pessoa ignorante. Meu dentista mantem acorrentado o seu pastor alemão numa corrente. Ele afirma que isso não afeta o seu comportamento. Mas quando eu fui visitá-lo ele colocou dentro de um canil com receio de que pudesse acontecer algum acidente. Ele acha excelente também uma ração que por ser barata e esteja mantendo ele bem seja uma opção excelente. As pessoas de modo geral fazem seus próprios entendimentos sobre o que seja a realidade de um cão e formam uma filosofia pessoal do comportamento animal. Não estudam o assunto e agem conforme a praticidade.

Essa é a grande "vantagem" de ter um cão. Temos um ser com forte relação de proximidade com o homem, conquistado pelos séculos de convivência mas podemos até sacrificá-lo, obrigarmos a confinamentos ou tratarmos com descaso sem o risco de sermos presos ou taxados como insensíveis. Ao contrário de nossa relação social onde fica evidente se somos bons ou maus no cão podemos descarregar ou sublimar toda a agressividade e frustração pessoal sem risco de cadeia ou de sermos agredidos. Um cão fiel baixa a cabeça e sofre calado pois se resigna. Ele não visualiza outra opção.

 

No homem o que ocorre é uma batalha entre os centros responsáveis pelo processamento dos desejos e do impulso – localizados no sistema límbico – e os que colocam em prática a razão, abrigados no córtex pré-frontal. Um lado pressiona pelo prazer e recompensa. O outro, pela ponderação sobre a oportunidade e os benefícios reais que o prêmio trará. Mas no cão o processo é mais arcaico pois não possui as potencialidades do sistema pré-frontal. Precisamos então cuidarmos muito a maneira como o tratamos desde cedo. Os primeiros tres meses são extremamente importantes. Sendo assim, do mesmo modo que tratamos com carinho e perseverança no equilíbrio da relação e estímulo de suas capacidades menores, para criarmos uma criança com menos recursos cognitivos e assim obtermos um ser humano melhor, mais ainda com um cão. 

 

Acompanhava na televisão um trabalho que vem sendo feito com crianças com Sindrome de Down, o Mongolismo. No passado essas crianças eram tratadas como debilóides e deixadas de lado. Ficavam de fato retardadas ao extremo e descartadas. Com a evolução do entendimento desses portadores da trissomia do 21 hoje vemos pessoas com essa sindrome trabalhando em repartições publicas, em mercados, namorando e vivendo dignamente.

 

Finalizando, quando acontece um relato de um pitbull que agrediu uma pessoa da família ou um transeunte lembrem de tudo o que relatei. Não podemos exigir que um cão, independentemente de sua raça, destituído do arsenal que temos de entendimento agir com equilíbrio se não oferecemos as condições mínimas para que ele entenda que é bom ser socialmente tranquilo. Se para o homem é tão difícil equilibrar o desejo, o instinto com a força de vontade imagine para um cão que é criado como um ser descartável, amarrado numa corrente e desrespeitado. No momento que a sociedade respeitar a natureza animal e entende-la melhor perceberá que é um desatino pensar em extinguir determinada raça. É uma pena que certos colunistas sociais sensacionalistas ou até mesmo dirigentes de entidades cinófilas simplórios tenham tanta penetração para expor suas idéias absurdas e destituidas de bases na realidade. Perseguir uma raça é tão absurdo quanto desejar eliminar os judeus movido por um pensamento nazista antisemita.

 

Preparar melhor o homem para a convivência com os animais através de campanhas informativas e criar leis que punam severamente aqueles que maltratam os mesmos e ainda os deixem liberados para atacarem é uma exigência social. Urge um melhor esclarecimento e uma melhor atuação dos mecanismos de proteção social. O equilíbrio começa pelo homem e termina com o cão.

 

Nelson Filippini Almeida

Médico e criador da raça American Staffordshire Terrier (um parente muito próximo do pitbull).

 

 

 

 


Vale a penar falar com o nosso cão?
25 de Fevereiro de 2012

Uma amiga de outro estado me contou como age com o seu cão. Ela parece uma louca quando relata. Conversa com o seu cão como se fosse uma pessoa. Faz isso desde os primeiros meses. Hoje, com a femea já adulta ela manda ela buscar o xampoo e ela traz na mão dela. Daí ela diz: não é esse o xampoo. É o verde: e ela volta e pega o verde.

Um amigo que era dono do Marte New Kraftfeld me contava que a sua mãe conversava com o Marte a toda a hora. Ele vivia dentro de casa e no pátio. Me falava que o Marte só faltava falar. Esses exemplos e outros me mostram o óbvio. Se uma criança que não recebe estímulo auditivo através de palavras e cresce numa floresta involui a ponto de lembrar um macaco, imagine então um cão sem nenhum estímulo de comandos e comunicações.

O cão é um ser vivo que interage com o homem há séculos. Se conversamos com ele existe um aprendizado através dos sons que passam a significar sentidos diversos conforme a qualidade do som e sua intensidade. Tudo que acontece ao redor é percebido de forma diversa se existir uma base de dados que o animal aprendeu com nosso convívio. A relação passa a ser muito gratificante e ampla quando não subestimamos o cão. Além do estimulo das palavras existem outras formas de comunicação não verbais que o animal assimila. É por isso que dizemos: tal cão tal dono. Meditem sobre isso e elevem a relação com o seu american staffordshire terrier para níveis indescritíveis e inacreditáveis.


Paulo Santana novamente!
23 de Fevereiro de 2012

O jornalista Paulo Santana entrou em cena novamente. Como a ZH permite que ele escreva o que desejar por entenderem que isso é liberdade de imprensa o mesmo se sente um Deus. Uma empresa jornalistica com o poder da RBS e ligada à Globo pode fazer quase o que desejar nesse país. A Globo é fortíssima e faz a cabeça de nossa população pois a sua audiência é a maior e entra em nossos lares como o ar que respiramos. As novelas, os programas de auditório, as séries e as propagandas vão se infiltrando em nossas mentes e acabamos pensando de forma condicionada. Nem notamos mas existe a propaganda objetiva e a subliminar. Não foi a toa que o falecido e saudoso governador Leonel de Moura Brizola ameaçou acabar com o monopólio da Globo se fosse eleito presidente do Brasil. O resto todos sabem o que aconteceu. Tudo foi feito para que o nacionalista Brizola não fosse eleito. Culpa de quem não sei. Os meios de comunicação colocam no poder quem eles desejam. Lembram do Collor? O caçador de marajás? E será que ele fez algo mais errado do que os políticos ainda fazem? Será que ele deveria ser afastado ou existiam interesses nesse sentido? E o Ibsen deveria ser afastado? As redes de TV, os rádios, os jornais e nos últimos anos o alcance ilimitado da internet, tornaram a informação a maior arma que existe no planeta. Maior do que os meios de comunicação só a bomba atômica. Para se ter audiência se faz de tudo. O lixo é vendido e a informação é deturpada. Isso não significa que tudo o que é mostrado seja falso. Mas no meio do caviar comemos muita comida podre e nos contaminamos sem sentirmos.  Sendo assim, periodicamente, quando o assunto gera ibope algum tema toma conta dos noticiários. E todos tem medo de se confrontarem pois existe um respeito quase de idolatria com o rádio, a TV e os jornais. Eles dão a notícia e depois, até que haja a retratação a merda foi para o ar. Teve a época da AIDS, a época do Herpes, a época de um assassinato violento e assim por diante. Quando estavam querendo acabar com o Pitbull começaram a surgir idéias de governantes de castrarem certas raças a exemplo do que estaria acontecendo nesse ou naquele país europeu. Como se os europeus fossem o molde moral para ensinar alguma coisa nesse planeta. Os ingleses exploraram quase todo o planeta com suas terras colonizadas. Até as ilhas Malvinas grudadas na Argentina precisam ser de sua propriedade. Mas um a um dos paises conquistados foram obtendo liberdade suada a sangue. Na América Latina os nossos bens mais preciosos, nosso ouro foi drenado para a Europa pelos colonizadores espanhóis e portugueses. Aqueles altares das igrejas por nós visitadas são adornadas por ouro nosso enquanto que o povo explorado morria de fome. Sem falar com o que fizeram com os nossos índios. Na Alemanha, há poucos anos (60 anos apenas) uma nação inteira desejou eliminar uma etnia. Será que os brasileiros deveriam também eliminar os judeus naquela época para seguir esse exemplo? É logico que não! A realidade deve ser vista, entendida e não copiada. Algo que uma nação entende como adequado não se aplica a outro país e muito menos se harmoniza com o bom senso. O senso comum nem sempre é o senso adequado e humano. Alguns habitantes desse planeta entendem que matando os rinocerantes para tirar o chifre, usado com afrodisíaco, apesar de colocar esse animal em extinção, seria adequado. Um animal que é descendente e sobrevivente da era dos dinossauros. Passou por tantas transformações na Terra e agora corre o risco de extinção por causa de seus chifres.

Se mais pessoas pensarem que nem o Paulo Santana, caso mais algum acidente ocorra com um cão da raça Rottweiler ou pitbull, ou assemelhado, será motivo para que os meios de comunicação voltem à tona com esse desejo ignorante, restritivo e mórbido de interpretar que deva se extinguir essas raças. Isso significa que devemos extinguir a raça humana pois diáriamente milhares de mortes ocorrem no mundo inteiro por motivos banais. Por roubo ou por prazer o homem mata. O homem estupra, abusa sexualmente e depois mata. Entra numa casa e ao encontrar um casal de idoses mata para roubar uma TV. Isso, por si só seria motivo para se eliminar essa terrível raça.

Mas quando que essas pessoas, jornalistas que se alvoram serem donos da verdade vão entender essa realidade? Quando que uma luz de sabedoria irá tocar a escuridão de suas mentes? Quando que um desses donos da verdade irão visitar um canil idôneo e aprender um pouco sobre a verdade? Quando que esses prepotentes irão entender que a verdadeira besta, a única que mata por prazer é o homem e nunca um cão. E mesmo que um cão desviado, educado para ser neurótico e tratado da pior forma possivel faça o pior, não será motivo para extinguir uma expécie. E mesmo que um cão tratado com todo amor faça o pior, também não será motivo para se extinguir uma raça inteira. Quando um homem educado e tratado como um príncipe mata seus pais para ficar com a herança nós matamos os pais, os seus irmãos ou entes da família? Pois bem, esses jornalistas, fazendo uma analogia, desejariam que nós fossemos executados por sermos também humanos.

O Sr. Paulo Santana não sabe mas num alagamento no Mississipi um cão da raça pitbull salvou uma criança que estava se afogando. Embora eu crie American Staffordshire Terrier que é uma variante do pitbull, ou uma evolução seletiva do mesmo isso não me coloca fora dessa discussão pois o parentesco me coloca no mesmo barco. Sendo assim eu tenho o dever de registrar o meu parecer depois de quase vinte anos criando a raça. Poucos no Brasil tem essa autoridade que só a experiência confere. E tenho tambem um dever junto a todos que estão conformes com o mesmo pensamento. Dizer que um pitbull é um cãozinho totalmente inofensivo que pode ser solto nos parques no meio de criancinhas desconhecidas e cães estranhos sem nenhum risco de acontecer algo é óbvio que não. Não devemos exagerar. Cães de temperamento forte tem as suas caracteristicas, seu espaço e forma de tratar. Os donos devem ter responsabilidades sobre os animais que criam. Não devem criá-los presos em correntes. Devem socializá-los caso queiram que tenham contato com pessoas estranhas. Se tens um bisturi podes utilizá-lo para realizar uma cirurgia e salvar alguém. Mas mal usado pode matar. A legislação pode punir o dono que não sabe criar nem conduzir o seu animal. Um cão não é para toda e qualquer pessoa e nem para todo e qualquer lugar. Os animais também precisam de socialização e amor. Assim eles nos retribuirão com o mesmo sentimento e ainda protegerão o nosso lar, os nossos filhos e somarão para a existência. O pitbull pode ser uma desgraça ou uma benção. Assim como um homem pode ser um Hitler ou um Mahatma Gandhi. Gostaria que os órgãos de comunicação usassem parte de seu imenso e irrestrito poder para esclarerem a população a respeito dessa interminável polêmica que volta e meia recorre. Gostaria que existisse um incremento de medidas para normatizar e não para exterminar. Medidas lógicas e não radicais como o corte de uma serra elétrica. Que houvesse uma legislação para punir os irresponsáveis e aqueles que maltratam os animais. Os animais, mesmo os selvagens, não são as feras que geralmente entendemos que sejam. Suas reações são de sobrevivência após séculos de perseguição e caça. Ou para se protegerem de predadores naturais.

Em resumo, cada um de nós deve fazer a sua parte para que se entenda a realidade e não se tomem caminhos errados. O preconceito é um de nossos mais terríveis defeitos. Pelo preconceito a igreja católica queimou milhares de pessoas na idade média. Imagina o que sobra para os pitbulls...


A besta assassina!
16 de Fevereiro de 2012

Coluna do Paulo Santana

 

Para quem não conhece, o Paulo Santana é um polêmico e inteligente jornalista de Porto Alegre. Ele escreve uma coluna diária no jornal Zero Hora que é o mais lido no Rio Grande do Sul. Abrindo o jornal de trás para a frente é a primeira coluna. Talvez seja a mais lida do jornal. Há anos escreve e sua influência é forte sendo um exímio formador de opinião. Lá ele tem o seu espaço e afirma o que deseja. Aqui é o meu blog e posso escrever o que desejo também. Um de nós está errado. Mas eu vou me manifestar aqui pelo menos para aqueles que tenham lido opiniões semelhantes as dele em suas cidades. Não são poucos que pensam que nem ele. Mas não são muitos que alimentam esse ódio doentio e exagerado pelos cães da raça pitbull, rottweiler e semelhantes. Ele os qualifica de bestas demoníacas. Feras que deveriam ser sacrificadas antes mesmo de nascerem. Ele coloca esses comentários, como colocou hoje na coluna do jornal. Tudo após algum caso relatado de ataque grave de algum cão dessa raça.

Uma criança de cinco anos entrou na casa do vizinho e um cão mestiço de pitbull com rottweiler arrebentou a corrente a que estava preso e matou a inocente menina. Esse triste acidente ocorreu por dois motivos em minha opinião. O primeiro:

a)      um dono que ama o seu cão não o deixa preso em corrente que o neurotiza. A partir do momento que esse cão conseguir se soltar morderá não só uma criança como a sua própria sombra (esperimente ficar preso numa corrente por vários meses em sua casa e veja como ficarás – essa frase deveria ser lida pelo triste ser humano que acha interessante essa prática)

b)      um cão deve estar ou solto ou preso em seu canil e não deve existir aberturas na casa para que um estranho entre, muito menos uma criança. Qualquer cão na mesma situação poderia morder essa criança, principalmente um cão de guarda e nesse caso poderíamos lembrar de várias raças que potencialmente fariam o mesmo.

 

 

Bem, eu enviei uma carta a esse inteligente jornalista uma vez. Não recebi resposta. Ele está obssessivamente convencido de que um pitbull irá a qualquer momento extravasar os seus instintos bélicos (é esse o termo que ele usou, como também os anteriores pejorativos que referi) tanto com estarnhos como até mesmo com as pessoas de casa que dão o alimento na sua boca. Essas suas opiniões alimentam a idéia de que as autoridades devam fazer algo para proteger a sociedade desses terríveis animais.

É interessante que essas pessoas que opinam com grande eloqüência nunca criaram cães e ele, em sua casa, pelo que sei tem um poodle. Se ele visitasse o Pronto Socorro Municipal descobriria que uma das causas mais freqüentes de acidente grave com crianças, com dilaceração de face ocorre com ataque de poodles de madames, principalmente com o poodle standard que é maior. O fato do poodle não ter a capacidade de mordida de um pitbull ele oferece estragos e traumas graves em um número enorme de crianças. Na verdade, os acidentes por ataques de cães registrados no Pronto Socorro Municipal, inclusive com mortes, aconteceram em conseqüência de ataques por todas as outras raças, até mesmo pelo pastor alemão que nunca é lembrado por estar associado ao famoso e antigo filme rim tim tim.

Lembro o caso de um fila brasileiro que matou e comeu um intruso. Ninguém deu ênfase ao fato no jornal.  Percebo que isso é permitido a um fila. Mas a um pitbull não é permitido ser psicótico.

Episodicamente uma raça é escolhida como terrível. Numa época era o dobermann que alguns “entendidos” diziam ser uma espécie de laboratório criada pelos nazistas. Sua cabeça seria pequena para suportar o crescimento do encéfalo. Isso determinaria cefaléia e uma vontade incontrolável de morder. Uma máquina assassina. Lembro que meus pais compraram um dobbermann nessa época e meu tio disse: essa fêmea será uma assassina. Mas a Alfa era doce e latia para estranhos como se desejava. Fazia a sua guarda habitual mas morreu sem ter conhecido o assassinato ou mordido alguém. As vezes quase pegava um passarinho. Todos gostavam da Alfa e meu pai cortava pedaços de pão e misturava com leite para deixa-la mais forte enquanto ela lambia sua perna. Estava sempre solta e simpática a nossa assassina Alfa.

O Rottweiler, depois de aparecer no filme “A Profecia” que retratava uma criança protegida pelo demônio passou a ser vítima de toda a sorte de comparações.

Na verdade o cão, no seu longo caminho de evolução ao lado do homem, foi sendo lapidado e selecionado para servir em funções específicas.  O cão de pastoreio, o cão de caça, o de guia para cegos, o farejador de drogas em atividades policiais, o da guarda de propriedade contra a invasão perigosa de bandidos, etc.

Um Rottweiler foi lapidado para a guarda. Não foi lapidado para participar de exibição de balé na quermesse da paróquia e brincar com as crianças de esconde esconde.

Ele não é um assassino. Mas se nós fizermos uma seleção dos mais agressivos e cruzarmos com os de mesmo temperamento de outras ninhadas, aos poucos teremos cães muito intolerantes. Não seriam assassinos, mas cães de temperamento forte e que passariam a exigir uma educação equilibrada, em que existisse amor, tato, sociabilidade com os membros da família. Mas um cão resultado de uma seleção para ser guarda não pode tratar com carinho um invasor. Um animal assim selecionado pode morder gravemente um intruso, quanto mais uma criança. Ele não seleciona invasores.

Um cão mestiço exibe um temperamento indefinido e se preso a corrente se torna perigoso.

Convidei o Paulo Santana para visitar o meu canil. Tinha a intenção de colocar em presença dos meus americans, fruto de anos de seleção correta e dando ênfase ao temperamento, beleza e estrutura. Mas como ele não respondeu o e-mail imagino que pense ser desnecessário. Ele tem uma concepção e nada o fará mudar. Isso se chama preconceito. Foi essa mesma obssesseção que fez o Adolf Hitler matar os judeus. Ele colocou na mente que os judeus eram um povo inferior, que havia inclusive matado Jesus. Não bastou ele espulsar os judeus e caça-los depois na alemanha. Ele invadiu outros países e os matou até na Polônia.

Como Paulo Santana pensa que esses cães deveriam morrer antes mesmo de nascerem Hitler certamente pensaria o mesmo sobre os judeus.

O risco do preconceito em qualquer área da vida é que nos torna rígidos. A flexibilidade é uma virtude dos sábios. A inteligência não é capaz de nos tornar melhores mas sim o entendimento. O entendimento surge quando a mente e o coração se fundem com a verdade. A verdade está muito distante dessas pessoas.

O american staffordshire terrier é um cão, por assim dizer, primo do pitbull ou o seu irmão mais lapidado através de cruzamentos. Mas em essência é o mesmo cão. Convivo com esses cães há quase 20 anos. Sou o criador que mais gerou filhotes da raça no Brasil e talvez do mundo. Se um american, ou outra raça visada, num dia sombrio da existência, numa situação especial de stress após ser educado erradamente por alguém,  viesse a morder alguém (fato que qualquer cão pode fazer) lá estaria o preconceituoso a gritar: não disse que essa raça é perigosa!

Todos os dias lemos e assistimos na televisão toda a variedade de relatos mórbidos de homens que estupram, roubam e matam, seqüestram, arrastam uma criança presa num carro, matam a criança pela falta de pagamento do resgate, invadem uma casa e matam o casal de idosos, amarram e torturam enquanto riem. Mesmo assim acreditamos na raça humana e não pedimos que seja destruída antes de nascer.

O mesmo pode acontecer com um animal que nasceu na casa errada, cresceu vendo a violência, foi tratado com descaso e desamor e fomentado a não acreditar na vida. Não tenho a ilusão de fazer um obssessivo mudar de opinião mas posso iluminar a mente de quem está em dúvida e não foi ainda atingido pelo vírus do preconceito.

Muitas pessoas estão presas por engano. Muitos foram queimados vivos na idade média acusados de heresia pela inquisição. Querem fazer o mesmo com essas raças. Mas enquanto eu existir serei uma voz para defender a minha verdade. Um de nós dois está errado.


Um novato pode ter um AST?
02 de Fevereiro de 2012

Olá Bruno

Nesses quase 20 anos que crio e envio americans para todos os estados do Brasil, posso te dizer que, as pessoas que adquiriram seus cães, em sua maioria eram pessoas novatas no tato com essa raça. É um cão normal. Tem suas virtudes, suas limitações e inumeras qualidades, características inerentes da raça que o diferem de um pinscher ou de um rottweiler por exemplo. Um cuidado especial é cuidar na hora de passear na rua pois tem uma desconfiança com cães estranhos. Se algum cão vier latindo, querendo atacá-lo ele nunca irá fugir. Sua coragem é proverbial. Tendo esse cuidado e dando amor desde cedo para esse ou essa filhote terás um animal inteligente e amigo. Resistente e geralmente guardião. Um cão que possibilita inúmeras experiências especiais na medida em que nos relacionarmos com ele, conversarmos, dermos limites como fazemos com uma criança ou um adolescente. É difícil não se apaixonar por um american staffordshire terrier.

Quando entramos num canil de outras raças notamos que os cães latem muito. Cito como exemplo um canil da raça Rottweiler. Alguns parecem querer nos comr vivos. O AST, ao contrário é um cão silencioso. Geralmente late quando é preciso. Como qualquer animal tem suas variantes como o próprio ser humano. Algumas características são comuns ao ser humano mas existem psicopatas e outros transtornos de personalidade. Numa família de 15 filhos é difícil todos serem marvilhosos. isso também ocorre entre os cães. Um será extremamente afetivo e outro nem tanto. Um será mais desconfiado e outro mais guardião. 

Lendo Charles Darwin como fiz recentemente e também trabalhos do evolucionista Richard Dawkins percebi que nesses 20 anos consegui fixar um pouco de certas características em certas linhas de sangue. Na medida que repetimos certos caminhos ou evitamos outros vamos fixando um pouco. Na verdade na natureza não existem saltos. Os processos são muito graduais e a evolução acontece lentamente. O criador de animais direciona caminhos e com o tempo obtem certos resultados. 

Um novato deve se perguntar se deseja um cão que seja atleta em potencial. O AST se sente frustrado se confinado num espaço pequeno. Gosta de viver respirando o ar da liberdade. Os cães no meu canil são soltos regularmente em horários específicos. Mas quem tem um ou dois e os der liberdade terá uma vivência especial do que é um AST. Prefiro a criação com mais de uma linha de sangue do que as uniformes. As uniformes e iguais não permitem experiências e nem possibiltam que obtenhamos alguns caminhos específicos. Mas na essência eu fixo certas características que julgo importantes na maior parte dos meus americans. Uma dessas características que dou ênfase e podemos notar na maioria dos americans NK é a estrutura e o temperamento equilibrado. Isso consegui com o tempo e com as metas baseadas no que entendi que seria melhor e no meu gosto pessoal. 

Mas, voltando à tua pergunta, se fizeres uma escolha acertada com base no que desejas de um cão deixarás gradativamente de ser um neófito, um novato e passarás a ser um experiente dono de um cão especial.


Cio próximo.
30 de Novembro de 2011
Olá Nelson, tudo bem?
Queria tirar umas dúvida com vc a repeito do estro dos American Staffordshire.
A Uli entrou no  1º cio em 9 de agosto, quando saiu, as glândulas mamárias continuaram inchadas.
E agora ela entrou novamente, começou a sangrar segunda-feira (28/11).. 
Queria saber se é normal esse espaço tão curto entre um cio e outro, ou se ela pode estar com algum desequilíbrio hormonal.
Grata.
Aguardo seu contato.
Abraço,
Fabiana
O cio costuma ocorrer de seis em seis meses. Por vezes o cio ocorre antes por algum desequilíbrio hormonal principalmente em fêmeas jovens. Por vezes um dos cios é falso. No primeiro cio, pela intensa descarga hormonal pode ocorrer uma hiperplasia da vagina e as vezes até um prolapso uterino. A hiperplasia não costuma se repetir nos cios seguintes e o prolapso pode levar a necessidade de cirurgia. Eu me assutei no primeiro cio da Aliaj Thatcher que eu havia importado. Ela teve importante hiperplasia vaginal em seu primeiro cio. Isso não se repetiu nos seguintes. Nem cheguei a avisar o criador que a exportou. A calma nessas horas é importante.


Quem vence nas exposições?
25 de Novembro de 2011

Eu tentarei ser o mais objetivo possível. São tres os fatores principais:

 

a) a estrutura do cão; b) a movimentação e c) a apresentação.

Esses são os fatores teoricamente mais importantes e que na prática preponderam. Vamos explicar cada um deles:

 

a) o cão deve ter o fenótipo que se deseja para a raça, ou seja, mostrar fisicamente aquelas virtudes físicas que se espera da mesma. Um wippet é leve e esguio. Um AST deve ser musculoso e forte. Um fila brasileiro é pouco angulado e um Rottweiller não e assim por diante. Um juiz deve conhecer o padrão de todas as raças para julgar bem. Mas na prática isso não acontece em todos os seus julgamentos. Alguns juízes entendem bem do 4o grupo mas falham ao analizar o 8o grupo e assim por diante. O juiz que tem a permissão de julgar todos os grupos se chama All-Hounder. O gosto pessoal influencia o seu julgamento como também o quanto conhece de cada raça. Na hora de escolher poderá optar por detalhes sutis como o estado do pelo, a cor que mais gosta, o fato de julgar mais importante a abertura ou profundidade de peito em detrimento de outro fator que não julgue tão importante. Na comparação com outros da mesma raça poderá preferir mais altos ou mais compactos. Mais elegantes ou mais pesados. Não existe regra que o obrigue a escolher desta ou daquela maneira. A escolha é livre. O pior que pode acontecer é receber um protesto do dono do cão. Se o handler (pessoa que desfila com o cão) protestar de forma veemente o juiz pode escrever na súmula que foi desrespeitado. Isso confere uma aura de importância elevada ao juíz. Ele se sente uma autoridade incontestável e o seu julgamento não passa pelo crivo de outro juíz e mesmo que escolha o pior nada há que se possa fazer;

 

b) um juiz confere muita importância para a movimentação e pode perceber certos defeitos que o cão possa ter e que o handler disfarça quando está parado.  Em movimentação o cão faz também aquilo que vemos num desfile de moda em que a mulher caminha de forma a nos deleitarmos com cada passo que é dado. Os cães mais leves tem maior facilidade de se movimentarem com essa desejável beleza. Um American típico, aquele que desejamos para cuidar de nossa família, ou que não perderia uma batalha com outro american certamente não é um AST ideal para exposições no momento. Tenho a convicção que, nos dias de hoje, a pessoa tem que fazer a opção entre desejar um american para exposição ou para satisfazer as sua expectativas. Não é uma questão de ser para exposição ou pet. Esse pet poderá ser melhor do qu aquele para exposição. O Cielo Calígula do meu plantel não tem um dorso reto como os juizes adoram. É pouco angulado o que o faria perder por um mais angulado. Isso significa que ele tem as características dos antigos pitbulls que com essa disposição física apresentam maior tração posterior e associado ao seu temperamento bélico o torna uma arma para cuidar de minha casa. Se eu colocar o Cielo na frente de um AST de exposição e soltar o Cielo em alguns minutos não sobrará o outro American para contar a história. Mas quando eu o solto para ir até o canil ele já aprendeu a ir a até o seu box. O que significa que ele respeita o meu comando.

Bem, voltemos ao assunto. A movimetação nos dias de hoje é um dos pontos mais vistos pelo juiz e faz parte do show.

 

c) A apresentação depende de tres fatores. A disposição natural do cão de ser alegre e afeito à guia. De levantar a cabeça e olhar para o dono contente por poder ser conduzido e fazer mais tarde uma exibição de luxo. Na hora que o juiz olha os cães e percebe que um cão baixa a cabeça, é forçado a andar com a guia, precisa ser puxado as vezes ou demonstra tristeza, podem estar certos que ele o descarta. Não interessa se ele é o mais belo exemplar que apareceu na face da terra. Isso é importante que o leigo saiba. É extremamente mais fácil um cão feio ganhar de um maravilhoso numa exposição por ter desfilado de forma maravilhosa e conduzido por um um handler "engatado no "sistema". Se o feio estiver em boas condições físicas e se apresentar de forma excelente suas chances são grandes. E se o handler for de ponta mais ainda. Aí entra o fator handler. O handler é aquele profissional que desfila com o cão. Pode ser o próprio dono se ele souber. Não é difícil aparentemente mas existem sutilezas que se aprendem com o passar dos anos. Se o handler for experiente e famoso isso influencia o julgamento da maioria dos juizes. Existe ainda o fator corrupção que ocorre quando o handler tem amizade com o juíz ou o criador é amigo do juiz ou juiza. Vemos diálogos entre eles até nas redes sociais. Considerando que a escolha possui muita subjetividade não se poderia permitir que juízes ligados por amizade fossem escolhidos para arbitrarem.

 

Só para terem uma idéia eu vou relatar o que aconteceu numa exposição esse mes. O juiz que julgou é amissíssimo de outra juiza que cria uma raça. Ele foi julgar numa exposição em que essa juiza levou um de seus cães. A conquista máxima numa exposição é o Best in Show que significa que o teu cão foi o melhor entre todos os cães da exposição. Não só na tua raça e no grupo mas na finalíssima. Ele deu esse título para o cão. Essa escolha foi importante para ele pois esse corrupto também cria e chegará o dia que essa juiza o beneficiará também de alguma forma. Isso que eu relatei acontece quase todos os fins de semana nas exposições espalhadas pelo país. O marketing, a corrupção, a troca de influências e a falta de moral imperam nesse meio e não existe o que fazer. O juiz se confrontado responderá: na minha concepção aquele cão era o melhor. A única forma de represália é não se inscrever nas exposições e isso gradualmente está acontecendo pois as exposições estão se esvaziando. Eu, em certas ocasiões apareço apenas para titular cães específicos ou em exposições próximas. Mas nunca me iludi com as mesmas e não participo de rankings de um cão específico pois teria que viajar pelo Brasil, pagar handler famoso, engolir sapos, me estressar, fazer marketing e sofrer visando um título que no ano seguinte é esquecido. Tenho mais o que fazer com o meu dinheiro. Prefiro investir na qualidade do plantel, nos cuidados, alimentação e qualidade de vida dos meus heróis. Um cão que vive viajando é um abnegado. Vive morando naquelas caixas de transporte e é treinado para obter títulos para que os donos os ostente como se fossem os mesmos que conquistaram. Vaidade ou ilusão? Egoismo ou trapaça? Alienação ou disfarce? Vitória ou derrota?

 

Bem, creio que esmiucei o que existe de básico. Para maiores detalhes me perguntem que eu responderei nesse espaço que visa desmistificar, esclarecer e separar o que é verdade e o que é mito. As opiniões são minhas e as conclusões baseadas na minha análise após anos de observação. Não acerto sempre mas raramente erro nas apreciações. Tenho a humildade de aceitar críticas ou sugestões que venham a colaborar com esse espaço. A crítica que faço não tem a finalidade destrutiva. Muito pelo contrário. Minha intenção é de abrir os olhos e o entendimento e assim colaborar para uma cinofilia mais justa, mesmo que isso seja parcialmente uma utopia. Se cada um fizer a sua parte existe esperança. As grandes e profundas modificações sociais ocorreram com revolução e sangue. Muitas vezes com diálogo. A cinofilia não apresenta a importãncia social para que alguém derrame uma gota de sangue pela moralização das exposções e da forma como os animais são tratados. Mas podemos através da conscientização exercermos a nossa cidadania.


O AST é um bom cão de guarda?
23 de Novembro de 2011

Dependendo da linha de sangue o AST é um maravilhoso cão de guarda. De forma geral ele protege o território. Eu gosto de manter em meu plantel cães de temperamento forte mas equilibrado. Venho fazendo essa seleção há muitos anos. Percebo que a maioria dos meus americans procedem como bons guardiões. Outro dia eu cheguei em casa pelo outro portão e o Beatle estava solto mas do outro lado do pátio que é grande. Ele só me viu dentro do terreno. Ele reagiu e quis m atacar. É óbvio que instantaneamente percebeu que era eu e parou sacudindo o rabo. Um dia o meu filho de 11 anos fez o que não devia. Ficou brabo com o Bratle e deu um pontapé no corpo dele. O Beatle demonstriu submissão e nada fez. Só quem conhece o Beatle para entender como essa reação é fantástica pois se um estranho fizesse isso levaria uma bela mordida.

Isso que eu chamo de temperamento. Falo na verdade de um bom temperamento. A ferocidade quando dirigida para a pessoa certa e no momento adequado e desejável. A menos que queiramos um bichinho de pelúcia convivendo conosco. Um bom american deve ser corajoso. Não pode ser covarde. Não pode atacar uma pessoa que esteja acompanhada do dono. Eu não costumo fechar meus cães quando chega uma visita. Apenas em certas ocasiões pois não gosto de constranger uma visita com a sensação de medo. Então eu fecho o cão solto.

As linhas de sangue mais antigas, principalmente as que possuem uma pitada de sangue que veio da Costa Rica são ótimos guardas. Os filhos do Red Byron com a Thatcher e seus descendentes tem grande propensão à guarda. Vários americans de meu plantel são guardas e passam essas características para a prole. É importante que eu seja informado do que a pessoa deseja em seu cão pois exist uma variação de comportamento dentro de uma mesma ninhada. Existem os de temperamento mais forte na ninhada, aqueles que geralmente se impõe. E aparecem os de temperamento zen.